Pesquisa mineira foca em dietas para bovinos para reduzir emissões na pecuária



A bovinocultura está no centro dos debates sobre mudanças climáticas devido à emissão de metano entérico, um gás com alto potencial de aquecimento global. Segundo o governo de Minas Gerais, em 2023, a pecuária brasileira, que faz parte do setor agropecuário, registrou o quarto aumento consecutivo nas emissões, com alta de 2,2%, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), plataforma que calcula as emissões de gases causadores do efeito estufa no Brasil.

Para enfrentar esse desafio, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) desenvolve pesquisas que buscam reduzir essas emissões por meio da manipulação da dieta de bovinos e da implementação de sistemas integrados de produção, alinhadas às metas do Plano Estadual de Ação Climática (Plac) e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Uma das frentes de pesquisa liderada pela Epamig foca na manipulação da dieta de bovinos, buscando interferir diretamente no processo digestivo para reduzir a liberação de metano. Os experimentos utilizam leguminosas como o amendoim forrageiro, que possui compostos capazes de inibir bactérias metanogênicas responsáveis pela produção de metano no rúmen, sem afetar a produtividade. Testes conduzidos no Campo Experimental Getúlio Vargas, em Uberaba, já indicam redução de até 30% nas emissões. Para mensurar os resultados, os pesquisadores utilizam a técnica do hexafluoreto de enxofre (SF6).

O projeto está sendo aplicado em ambiente real de produção, o que permite observar os efeitos práticos das dietas adaptadas. Segundo o Governo de Minas Gerais, além de contribuir para um modelo de produção mais equilibrado, a iniciativa busca mudar a percepção negativa da pecuária quanto à sua relação com o clima, ao mesmo tempo em que gera dados úteis para outros produtores interessados na transição para sistemas mais sustentáveis.

Outro foco da Epamig são os sistemas integrados de produção, como o modelo Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que reúne lavoura, pecuária e floresta em uma mesma área para otimizar recursos e aumentar a sustentabilidade. Em Patos de Minas, a combinação de milho, forrageiras e eucalipto tem ajudado a sequestrar carbono, ou seja, capturar e armazenar dióxido de carbono da atmosfera, além de fortalecer a saúde do solo, transformando áreas emissoras em áreas que capturam carbono. Os estudos são financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e fazem parte do esforço do governo mineiro para reduzir em 36% as emissões de metano da pecuária até 2030.



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